Adubação
Adubação
A adubação tem por objetivo colmatar as deficiências nutricionais do povoamento e garantir a sua sustentabilidade, de forma a potenciar o crescimento das árvores. Esta operação deverá ser realizada à instalação, bem como em manutenção, nos primeiros 3 a 4 anos após a plantação ou corte.
O que é a adubação?
- É a aplicação de adubos nos primeiros 4 anos do ciclo ou rotação, sendo muito importante no momento da plantação e em manutenção, aos 1 e 3 anos de idade na 1ª rotação e aos 2 e 4 anos na talhadia.
O que precisa saber para adubar?
Para aplicar correctamente os fertilizantes é preciso:
- Conhecer os tipos de nutrientes importantes para o desenvolvimento do eucalipto;
- Identificar as necessidades de nutrientes das árvores;
- Saber os tipos e doses de adubos a aplicar.

Porquê adubar?

Planeamento da actividade de adubação
As actividades de adubação devem ser planeadas, considerando os seguintes aspectos:
- Conhecer a disponibilidade de nutrientes no solo.
- Estimar as necessidades nutricionais do eucalipto.
- Considerar a sustentabilidade do recurso e das plantações florestais.
- Optimizar a aplicação dos adubos disponíveis no mercado e as suas características.
- Optimizar a operação de adubação no terreno (métodos, doses e timing de aplicação).
Nutrientes
Principais nutrientes para o desenvolvimento dos eucaliptos
Macronutrientes: presentes em concentrações relativamente elevadas.
Nutrientes
Benefícios para a planta
Azoto (N)
Maior crescimento vegetativo; Aumento da área foliar; Maiores produções.
Fósforo (P)
Formação de raízes e troncos.
Potássio (K)
Transporte dos hidratos de carbono; Controlo e regulação da água; Maior resistência a pragas, doenças e seca.
Cálcio (Ca)
Desenvolvimento das raízes; Maior resistência a pragas.
Magnésio (Mg)
Promove a formação de clorofila e a fotossíntese; Melhora a absorção do Fósforo.
Enxofre (S)
Melhora o crescimento vegetativo; Ajuda à fixação de fósforo.
Micronutrientes: presentes em pequenas quantidades.
Nutrientes
Benefícios para a planta
Boro (B)
Melhora o desenvolvimento das raízes e dos gomos apicais; Maior resistência à seca e à geada.
Cobre (Cu)
Maior resistência às doenças.
Ferro (Fe)
Ajuda à fixação de azoto.
Manganês (Mn)
Aumenta a resistência a doenças.
Zinco (Zn)
Estimula o crescimento e frutificação.
Necessidade de nutrientes em função da fase de crescimento

Fontes de fornecimento de nutrientes
- Nos sistemas florestais as árvores obtêm nutrientes do solo, da atmosfera, da reciclagem interna e da decomposição da folhada e dos micro-organismos do solo.


Identificar as necessidades de nutrientes
A escolha do adubo a aplicar deve ser feita de acordo com as necessidades de nutrientes identificadas. Esta identificação faz-se através de:
- Diagnóstico visual
- Análise ao solo
- Análise foliar
Para uma correcta adubação é importante conhecer a fertilidade do seu terreno. Consulte aqui alguns laboratórios credenciados para efectuar análises de solo e/ou foliares.
Diagnóstico visual

Ferro
Nervuras com reticulado verde e fino contra fundo amarelado. Em casos extremos pode ocorrer branqueamento das folhas.

Azoto
As folhas assumem tons mais avermelhados ou amarelados. Envelhecem e caiem mais cedo. Redução de crescimento e produção de sementes.

Fósforo
Pontos ou manchas roxas na folha escurecida, podendo morrer. As folhas têm um crescimento reduzido. Normalmente há atraso da floração, com grande queda na produção de sementes.

Potássio
As pontas e margens das folhas ficam mais amareladas, acabando por secar e morrer. Envelhecimento precoce das folhas. Árvores ficam mais sensíveis à falta de água do solo.

Magnésio
A folha fica amarelada com os reticulados verdes e grossos. Geralmente, segue-se a morte da folha.

Cálcio
Amarelecimento evoluindo para morte das margens e pontas das folhas. Encarquilhamento das margens da folha, as quais ficam voltadas para o lado superior da folha. Morte dos rebentos terminais. Termina o crescimento apical.

Enxofre
As folhas adquirem tons verde‐limão.

Boro
Folhas menores, mais grossas do que o normal, encarquilhadas e quebradiças. Morte dos ramos terminais, em casos extremos, com transpiração de gomas. Super‐rebentação de ramos. Entre nós mais curtos. Fissuras na casca, de onde podem emergir gomas escuras. Má polinização. Atraso na floração.

Zinco
A lâmina foliar fica estreita e alongada. Há redução do tamanho dos entre nós com formação de tufos terminais de folhas, tipo roseta. Amarelecimento inter-nerval. Redução da produção de sementes.
Análise ao solo
É muito importante conhecer o teor dos principais nutrientes no solo, através da realização de análises de terra, para ajustar e otimizar a adubação às necessidades da floresta. A colheita de amostras de solo deverá ser realizada antes da plantação ou antes do corte sempre que se pretenda conduzir o povoamento em talhadia.
Métodos de recolha:
- As amostras de solo para análise devem representar a área que se pretende avaliar, quer do ponto de vista da constituição das rochas(litologia) quer do ponto de vista do solo e do clima (características e da fo-climáticas).
- A colheita deve ser feita percorrendo a área em ziguezague.
Como recolher:
- Uma amostra composta do solo por cada área homogénea de terreno, dependendo da diversidade da terra e do tamanho da área do terreno a analisar.
- Colher 12 a 15 sub-amostras de terra até 40 centímetros de profundidade, misturar num balde bem limpo, retirar cerca de 0,5 quilogramas (sem pedras) e identificar o local ou a zona da propriedade.
- Repetir este processo noutra(s) zona(s) ou parcela(s) da propriedade, caso esta seja diferente da anterior ou tenha tido nos últimos anos uma ocupação distinta.
Atenção:
- Nunca se deve misturar terra com características diferentes para não distorcer os resultados das análises.
- Nunca colher amostras em locais encharcados, próximos de caminhos, edificações, ou onde tenham sido depositados produtos contaminantes.


Análise Foliar
A análise foliar é utilizada sobretudo para confirmar o diagnóstico visual nas árvores mais jovens, pois em árvores adultas a recolha é difícil e dispendiosa.
Métodos de recolha:
- A amostragem das folhas a analisar deve ser efectuada preferencialmente antes das épocas de maior crescimento, ou seja, em Fevereiro/Março ou em Setembro/Outubro, após as primeiras chuvas.
- Colheita de amostras compostas por pelo menos 20 árvores(cerca de 60 folhas), rodando pelos quatro quadrantes na colheita. Colher no terço médio da copa superior, 2º ou 3º par de folhas externo, recém-desenvolvido (maduro).
Aplicação de adubos
A aplicação de adubos ocorre em dois momentos principais:
Na plantação e em manutenção durante os primeiros anos de crescimento.
Adubação na plantação
A utilização de adubos na altura da plantação permite:
- Criar melhores condições para o enraizamento e crescimento inicial da planta;
- Um crescimento igual das árvores;
- Árvores jovens mais vigorosas e resistentes às doenças;
- Evitar de forma significativa as retanchas, isto é, a replantação/substituição das árvores perdidas
A aplicação de adubo na plantação poderá ser feita de acordo com uma das seguintes opções:


Opção 1
- 30 gramas por planta de adubo de libertação controlada, totalmente revestidos, com longevidade de 8 a 9 meses aplicados no fundo da cova de plantação, por baixo do torrão da planta. O adubo deverá ficar em contacto directo com as raízes.
- 150-200 gramas de Superfosfato 18% por planta, divididos por duas covas laterais.
- Em adubo não totalmente revestido ou por indicação do fabricante, deve colocar-se um pouco de terra por cima do adubo na cova de plantação.
A = Adubação Fosfatada
- Adubo 8 - 24 - 8 ou superfosfato 18%
- 150 gramas/planta divididas em duas covas laterais
- Depositar no fundo da vala de plantação e incorporar no solo
B = Adubação NPK
- Adubo 9-20-8 ou similar de libertação controlada
- 30 gramas/planta
- Depositar no fundo da cova de plantação, antes da planta
Opção 2
- Aplicar no fundo da cova, no momento da plantação, 60 gramas por planta de um adubo de libertação controlada tipo 11-22-9 ou similar
Adubação NPK
- Adubo 11-229 ou similar de libertação controlada
- 60 gramas/planta
- Depositar no fundo da cova de plantação, antes da planta


Adubação de manutenção
Em 1ª Rotação:
Recomenda-se efectuar a primeira adubação de manutenção (geralmente com adubo azotado) entre 1 e 1,5 anos de idade, de forma manual e apenas na área de projecção da copa, num circulo com cerca de um metro de raio. Recomenda-se a segunda adubação de manutenção (N ou NPK), quando necessária, cerca de dois anos depois da primeira, entre os 3 e 3,5 anos de idade, de forma mecanizada na generalidade do terreno ou manualmente ao longo das linhas de plantação, numa faixa com cerca de dois metros de largura, se estas estiverem limpas de mato. Em alternativa, quando exista vegetação infestante nas linhas de plantação, aplique o adubo em faixas com cerca de dois metros de largura ao longo das entrelinhas – adubação menos eficiente.
Em talhadia:
Recomenda-se efectuar a primeira adubação de manutenção (geralmente com adubo azotado) entre 1 e 1,5 anos de idade, de forma manual e apenas na área de projecção da copa, num circulo com cerca de um metro de raio. Recomenda-se a segunda adubação de manutenção (N ou NPK), quando necessária, cerca de dois anos depois da primeira, entre os 3 e 3,5 anos de idade, de forma mecanizada na generalidade do terreno ou manualmente ao longo das linhas de plantação, numa faixa com cerca de dois metros de largura, se estas estiverem limpas de mato. Em alternativa, quando exista vegetação infestante nas linhas de plantação, aplique o adubo em faixas com cerca de dois metros de largura ao longo das entrelinhas – adubação menos eficiente.
Recomendações gerais para a adubação de manutenção:
Tipo de adubo
Dose
Observações
1ª aplicação
Sufalto de Amónio
200-300 g/planta
-
2ª aplicação
20-10-10 ou similar
0-350 kg/ha
Aplicar doses + elevadas nos povoamentos com maior deficiência DESDE QUE sem stress hidríco.
Adubacões complementares:
Calcário calcítico
350-500 kg/ha
Aplicar em solos acídos (pH<5) com Ca < 0,25 e 0,25 - 0,5 cmol/kg, respectivamente
Boro granulado (15%)
30 g/planta
Aplicar mediante indicação de análises foliares se teor de Boro < 25ppm; em média 1 vez a cada 2 cortes.
Recomendações

Adubação de manutenção
- A época do ano mais adequada para se efectuar é em Março no Sul, entre Março e Abril no Vale do Tejo, em Abril no Centro-Litoral, e em Abril-Maio no Norte-Litoral.
- As adubações de manutenção são efectuadas até aos 4 a 4,5 anos de idade do povoamento.
- Quando as plantas apresentem deficiência de Boro, a qual poderá ser determinada por diagnóstico visual no campo (árvores com ponteira seca no final do Inverno, folhas encarquilhadas, ramos quebradiços, entre-nós curtos) ou por análise foliar (deficiência quando B foliar é inferior a 20 ppm), este nutriente deverá ser aplicado na mesma época que a primeira adubação de manutenção, através da aplicação de 30 g/planta de um adubo com 15% de Boro.
- Em terraços deve-se aplicar o adubo numa faixa com cerca de 2 metros de largura ao longo da linha de plantação.
- Para o sucesso da adubação é fundamental controlar o mato e manter uma densidade de plantação adequada.
Não se aconselha a adubação de povoamentos nas seguintes situações:
- Taxas de crescimento muito abaixo do expectável.
- Elevada heterogeneidade no crescimento das plantas.
- Queda de folhas intensa causada por ataques de pragas.
- Ocorrência de doença sou intempéries naturais.
- Com sintomas visíveis de défice hídrico.
- Em condições de elevada competição com a vegetação espontânea.


Não se deve adubar
Perto das captações de água nem das linhas de água, permanentes ou temporárias, deixando faixas de protecção ao longo das mesmas, de modo a evitar alteração da qualidade da água.
Em áreas com elevado risco de erosão, com declives superiores a 35% e sem terraços, nos caminhos e aceiros.