Pós fogo
Pós-incêndio
A destruição da vegetação é o efeito mais visível após um incêndio. No entanto, ao nível do solo as alterações são complexas e o risco de erosão pode ser elevado. Perante estas ameaças poderão ser necessárias medidas preventivas que minimizem o risco e ajudem na recuperação equilibrada da floresta e do potencial produtivo ecológico.
Impactos dos incêndios sobre a floresta
A destruição da vegetação é o efeito mais visível após um incêndio. No entanto, ao nível do solo as alterações são complexas e o risco de erosão pode ser elevado. Perante estas ameaças poderão ser necessárias medidas preventivas que minimizem o risco e ajudem na recuperação equilibrada da floresta e do potencial produtivo ecológico.
- Morte das plantas, perda de material lenhoso e de biomassa florestal
- Alteração de algumas propriedades do solo: Conteúdo e a composição da matéria orgânica; Ciclo biogeoquímico dos nutrientes; Perda de capacidade de infiltração da água; Perda de biodiversidade do solo;
- Perda de solo e contaminação da água resultante da erosão


Erosão Hídrica
Após os incêndios, a destruição do coberto vegetal e da manta morta deixa o solo desprotegido. Em períodos de chuva forte, este cenário é um facilitador da erosão hídrica, uma vez que as águas não encontram resistência à sua passagem, arrastando consigo cinzas, partículas e nutrientes. Como consequência os solos ficam mais pobres, a estabilidade dos terrenos é ameaçada e há o risco de contaminação das águas.
Factores de risco de erosão hídrica
- A severidade do incêndio
- O declive do terreno e o comprimento das encostas
- O tipo de solo
- A intensidade da chuva
Medidas de estabilização do solo
A estabilização do solo deve ser considerada logo na fase de preparação do terreno, a qual deve ser efetuada seguindo as curvas de nível.
Desta forma, reduz-se a velocidade de escorrência da água e o risco de erosão, não só num cenário de pós-incêndio, mas também nos primeiros meses de uma plantação , condições em que o solo se encontra mais descoberto e, como tal, menos protegido.
Adicionalmente, para minimizar o risco da erosão hídrica após a ocorrência de um incêndio deverão ser identificadas as áreas mais vulneráveis e, caso necessário, adoptadas as seguintes medidas:
- Aplicação de materiais orgânicos, como sobrantes do corte ou palha, para reestabelecer, de certa forma, a biomassa destruída pelo fogo, em particular o coberto da manta morta. Recomenda-se que os resíduos cubram pela menos metade da área ardida e de forma homogénea
- Construção de barreiras em curvas de nível para travar a escorrência superficial da água, criando zonas de deposição das cinzas e das partículas do solo arrastadas, usando o material lenhoso queimado sem aproveitamento económico como ramos, de preferência ainda com folhas.
Atenção:
- Após um incêndio é importante identificar as áreas de maior risco, as quais devem ser prioritárias na adopção das medidas de estabilização do solo
- Deve intervir rapidamente, antecipando-se aos períodos de maior precipitação, tornando as acções mais eficientes
- Nos meses seguintes, especialmente durante e após períodos de maior precipitação, esteja especialmente atento a sinais de erosão.

Modelo de silvicultura após incêndio
Após um incêndio ter percorrido um povoamento de eucaliptos, algumas questões que os produtores colocarão é o que fazer e em que momento. As opções dependem da severidade do incêndio, da idade e dimensões das árvores e do vigor do próprio povoamento antes do incêndio.

Devo cortar a madeira ardida?
- Sempre que não for possível retirar valor comercial do povoamento ardido, as árvores queimadas devem ser cortadas e dispostas sobre o solo em curva de nível o mais brevemente possível.
- O corte das varas ardidas também estimula o abrolhamento mais rápido de novos rebentos que irão permitir a regeneração do eucaliptal.
- O corte tardio das varas ardidas é mais difícil após a regeneração de novos rebentos, além de poder danificar estes rebentos que serão as futuras árvores do povoamento.
- Efectue cortes rasos de modo a manter a estrutura regular do povoamento.
Em povoamentos ardidos com mais de 5 anos de idade
Tenha ainda em conta:
- Caso as copas estejam a secar, ou quando começam a surgir rebentos ao longo do tronco dos eucaliptos, é também recomendável efectuar o corte desta madeira, pois a sua permanência não produzirá crescimentos comerciais significativos.
- Estas árvores são também potenciais focos de desenvolvimento de pragas como a Phoracantha, que ataca sobretudo as árvores debilitadas.


Controlo da regeneração natural de eucalipto por semente
- Nos eucaliptais percorridos por incêndios, em determinadas condições ambientais poderá verificar-se a germinação abundante de sementes existentes no solo. No entanto essas plantas de eucalipto não são desejáveis para a obtenção de um povoamento ordenado. Pode com facilidade corrigir essa situação, eliminando estas plantas através de meios mecanizados ou moto-manuais.
Ao efectuar esta operação deve também eliminar os matos emergentes e espécies invasoras, diminuindo assim o risco de incêndio.
No caso de os cepos não voltarem a rebentar após um incêndio, é preferível efectuar uma nova plantação com um compasso regular.
Rearborizar ou regenerar o eucaliptal em talhadia?
Antes de tomar a decisão, em primeiro lugar é necessário perceber de que forma as árvores e as toiças reagem após o incêndio, o que só acontece ao fim de alguns meses.
A decisão de conduzir o povoamento em talhadia ou de rearborizar depende de dois factores:
- Caso as copas estejam a secar, ou quando começam a surgir rebentos ao longo do tronco dos eucaliptos, é também recomendável efectuar o corte desta madeira, pois a sua permanência não produzirá crescimentos comerciais significativos. Estas árvores são também potenciais focos de desenvolvimento de pragas como a Phoracantha, que ataca sobretudo as árvores debilitadas.
- Estas árvores são também potenciais focos de desenvolvimento de pragas como a Phoracantha, que ataca sobretudo as árvores debilitadas.
Densidade de toiças vivas por hectare após incêndio
Para a condução em talhadia de um povoamento ser viável produtiva e economicamente, como orientação geral as toiças vivas que irão produzir novos rebentos deverão ser em número superior a 800 toiças vivas/ha. Esta avaliação é feita alguns meses após o incêndio, quando as toiças vivas já apresentam rebentação
Avaliação económica da rearborização
A rearborização do povoamento ardido implica a realização de um novo investimento ao nível da preparação do terreno, plantação e adubação, o qual deverá ser ponderado face aos custos destas operações e à expectativa de produtividade futura.
Consulte os simuladores disponíveis no site do Projecto Melhor Eucalipto e solicite apoio ao técnico florestal da sua organização de produtores florestais.


Condicionantes à utilização da madeira ardida
Na sequência de um incêndio, a cinza e o carvão inviabilizam frequentemente a utilização da madeira no processo fabril, por razões do seu processo de fabrico e da exigência de qualidade do produto final.
No entanto, dependendo da intensidade do incêndio e da extensão dos danos nas árvores, a madeira de eucalipto ardida poderá ainda ter valor comercial.
- 1 - A madeira que tenha aproveitamento – “salvados” – poderá ser uma fonte de receita que permita atenuar ou até mesmo compensar a despesa do corte deste material
- 2 - Caso a madeira já tenha aproveitamento para a produção de pasta para papel (Ø com casca > 5 cm), é conveniente proceder ao seu corte e descasque após um período de chuva de modo a reduzir a quantidade de carvão e cinzas nos troncos
- 3 - Se a madeira proveniente de áreas ardidas estiver em conformidade com os requisitos de qualidade fabris, a indústria não discrimina esta madeira, recepcionando e pagando-a de igual forma em relação à madeira ‘verde’
A indústria e a defesa da floresta contra incêndios
A devastação causada pelos incêndios florestais causa grandes prejuízos aos produtores florestais, entre os quais se encontra a indústria papeleira.
Papel da indústria
A indústria papeleira é proprietária e gestora de áreas florestais integradas no espaço rural, adoptando medidas de Defesa da Floresta Contra Incêndios para salvaguarda do seu património, com efeitos positivos para todos os proprietários rurais:
Prevenção estrutural
- Construção e beneficiação de caminhos e aceiros
- Construção e manutenção de pontos de água
- Implementação de faixas de gestão de combustíveis
Silvicultura activa
- Controlo de vegetação dentro dos povoamentos e nas faixas de proteção circundantes
- Controlo e selecção de rebentos
Vigilância e Combate


Sabia que
Anualmente as empresas associadas da BIOND levam a cabo ações para prevenção de incêndios que consistem no controlo da vegetação, limpeza de caminhos e aceiros e manutenção e construção de redes viárias e divisionais. Em 2023, estas ações incidiram sobre uma área de 41,3 mil hectares, ou seja, 24,2% da área de floresta das associadas e representaram um encargo de 9,7 milhões de euros.