Pragas e Doenças
Pragas e doenças
Identificar correctamente a praga ou doença que afecta os eucaliptos, e saber como a tratar de forma eficaz, é essencial garantir uma plantação saudável e com boa produtividade.
Em Portugal, as principais pragas e doenças que atingem os eucaliptos são:
- O Gorgulho-do-Eucalipto - Gonipterus platensis. A Doença das Manchas das Folhas - Mycosphaerella.
- A Doença das Manchas das Folhas - Mycosphaerella.
- A Broca do Eucalipto - Phoracantha sp.
Para os identificar, esteja atento às alterações de cor e forma na folha do eucalipto. Se tiver dúvidas, aconselhe-se com um especialista da sua associação ou empresa florestal.

Gorgulho-do-eucalipto
A adubação tem por objectivo colmatar as deficiências nutricionais do povoamento e garantir a sua sustentabilidade, de forma a potenciar o crescimento das árvores em cada local. Esta operação deverá ser realizada à instalação, bem como em manutenção, nos primeiros 3 a 4 anos após a plantação ou corte.

O que é?
O Gorgulho-do-eucalipto (Gonipterus platensis) é um insecto desfolhador que se alimenta das folhas de eucalipto, atacando especialmente as folhas adultas de formação recente que crescem no terço superior da copa das árvores.
Clique no vídeo “Controlo do Gorgulho” abaixo
Em que época?
Ataca sobretudo entre Março e Maio, podendo ainda ocorrer um segundo ataque no Outono mas geralmente de menor intensidade. Os primeiros sinais são o aparecimento de ovos (posturas) e larvas na folhagem.

Sintomas e consequências
Para saber a gravidade do ataque, avalie a percentagemde folha comida de acordo com a tabela abaixo:
Percentagem da folha comida
Descrição
Intensidade de ataque
< /= 10%
Não há sinais da presençado insecto nem se vêem estragosnas folhas.
Sem ataque
11-25%
Formação de raízes e troncosSinais de folha comida e de perda de folha entre 11 a 25%.
Fraco
26-60%
perda de folha entre 26 e 60%.
Moderado
61-90%
perda de folha entre 61 e 90%.
Forte
> 90%
perda de folhamuito intensa (>90%)
Muito forte

Meios de controlo
Controlo biológico
- O insecto Anaphes nitens alimenta-se dos ovos do gorgulho-do--eucalipto e ajuda a controlar a praga. No entanto, este parasita não se dá bem em zonas montanhosas do Norte e Centro, em altitudes acimados 400 metros.
Controlo químico
- Utilize químicos para combater esta praga, apenas quando os ataques são moderados a fortes (percentagem de folha comida entre 25% e 90%).
- Só podem ser utilizados insecticidas autorizados para o efeito e os tratamentos só podem ser aplicados por empresas e técnicos devidamente autorizados para o efeito.
Insecticidas a aplicar
Para aplicar os insecticidas na plantação deve respeitar:
- O DL 26/2013 de 11 Abril, define as normas legais de aplicação. Consulte a legislação aqui.
- Os princípios da protecção integrada (anexo II do DL 26/2013de 11 Abril).
- Instruções de uso dos produtos, assim como as normas de higiene e segurança.
- Rigorosamente, os limites da parcela de terreno a tratar.
Para aplicar os insecticidas na plantação deve respeitar:
- Respeitar a legislação.
- Respeitar os limites do terreno.
- Utilizar apenas os inseticidas autorizados em Portugal.
- Garantir que apenas empresas e técnicos devidamente autorizados podem proceder à sua aplicação.
- Garantir que a empresa que aplica o tratamento cumpre:
- As boas práticas de aplicação e de segurança, incluindo autilização de equipamento de protecção individual adequados.
- Os limites da parcela de terra a tratar.
- Evitar derrames de calda na terra ou na água.
- Recolher embalagens vazias e reciclá-las devidamente.
- Nunca aplicar em dias chuvosos e de ventos fortes.

Quando aplicar
- Em caso de presença da praga, o tratamento deve serrealizado anualmente:
Como aplicar
- Os insecticidas devem ser aplicados em ultra-baixo-volume, na medidade cerca de 3 litros de calda/ha, com as seguintes dosagens:

Na Primavera, entre Março e Maio.

No Outono, entre Setembro e Novembro.

quando houver muitas larvas nas árvores

200ml/haCALYPSO

200g/haEPIK

Plano nacional de controlo do gorgulho- do-eucalipto
Neste momento, está em vigor o plano nacional de controlo do Gorgulho-do-eucalipto, uma acção coordenada pelo Instituto de Conservação da Natureza e Floresta (ICNF). Este plano baseia-se em quatro eixos:
- Sensibilização e informação
- Controlo das populações
- Monitorização das populações
- Medidas de apoio e financiamento
Doença das manchas das folhas

Mycosphaerella
O que é?
- É uma doença causada por um fungo que ataca preferencialmente a folhagem juvenil, causando manchas mais ou menos irregulares. As manchas são castanho-claras e à sua volta têm uma área castanho-escura ou arroxeada.
Em que época?
- Esta doença está associada a períodos de maior humidade e temperatura, sendo mais frequente no Outono e Inverno.
Sintomas e consequências
- Ataca sobretudo as folhas jovens.
- Vê-se este tipo de manchas nas folhas
- Pode causar a perda parcial ou total das folhas.
- Atrasa o crescimento da árvore e consequentemente provoca a diminuição da produção.


Meios de controlo
- A aplicação de fungicidas em campo não é eficaz.
- A melhor forma de combater este fungo é preveni-lo através da utilização de plantas melhoradas.
- Saiba mais sobre as plantas melhoradas em “Rearborização”.
Broca do eucalipto
O que é?
- É uma praga que abrange um conjunto de insectos perfuradores do tronco e entre casco do eucalipto, estando presentes no nosso país duas espécies, a Phoracantha semipunctata e a Phoracantha recurva, as quais são originárias da Austrália.
- A P. semipunctata foi detectada pela primeira vez no nosso país no início da década de 1980, tendo sido a primeira espécie a ocorrer com estatuto de praga importante em plantações de eucalipto em Portugal.
- A P. recurva foi observada pela primeira vez em Portugal em 2001.
- São pragas secundárias, afectando preferencialmente árvores debilitadas pela seca, fogos ou por outros factores de stress, as quais emitem odores que atraem os insectos adultos. Toros recém cortados também são susceptíveis de serem atacados.
- Os ataques são mais prováveis em eucaliptais situados nas regiões mais quentes de Portugal.


Ciclo de Vida
A: Ovos
As larvas eclodem cerca de uma semana depois.
B: Larva
As larvas escavam galerias, alimentando-se inicialmente sob a casca. À medida que crescem, começam a escavar galerias para o interior do tronco, as quais tapam com serrim, acabando por construir as câmaras onde pupam.
C: Pupa
Após a metamorfose, o insecto adulto abandona a árvore através da galeria que escavou na fase larvar. Fora da árvore hospedeira, dispersam-se e reproduzem-se voltando a colonizar outras árvores.
D: Adulto
Os adultos depositam os ovos em fissuras existentes na casca dos eucaliptos.
Em que época “ataca”?
Larvas e pupas
- Maio Outubro
O período de voo dos adultos e postura das fêmeas ocorre durante o período mais quente do ano, entre Maio e Outubro.
Voo e postura
- Todo o ano
Dentro do tronco e sob a casca podem ser encontradas larvas e pupas durante todo o ano.


Sintomas e consequências
Sintomas
- Copa seca ou a secar;
- Tronco com exsudações (corrimentos) de quino;
- Rebentação ao longo do tronco;
- Presença de serrim, galerias larvares (após descasque), orifícios de emergência dos insectos adultos, e sinais de predação por pica-paus.
Consequências
- O consumo dos tecidos vasculares impede a circulação de água e nutrientes, enfraquecendo as árvores e causando frequentemente a sua morte, geralmente no final de um ano de ataque.
Intensidade dos ataques
Após a observação dos sinais de presença da Broca do eucalipto, a classificação da intensidade do ataque é feita com base na avaliação da percentagem de árvores secas ou a secar no povoamento:
Percentagem de árvores afectadas
Intensidade de ataque
0%
Inexistente
Menos de 1%
Fraco
Entre 1% a 5%
Moderado
Mais de 5%
Forte


Meios de controlo
- O método de controlo mais importante desta praga é a prevenção. Evite plantar em zonas susceptíveis à ocorrência de factores de stress como regiões com verões muito quentes, secos e prolongados.
- Em regiões propícias à ocorrência desta praga, deverá ser feita uma monitorização atenta do povoamento, uma vez que o controlo é sempre mais eficaz enquanto o ataque for fraco.
Atenção!
- Poucos insectos provocam grandes prejuízos.
- Os estragos evoluem rapidamente quando não se intervém.
Prevenção cultural
- O método de Escolha adequada dos locais para a plantação;
- Escolha do tipo de planta melhor adaptada à região e aos principais factores de stress vegetativo; Silvicultura adequada, salvaguardando o solo e a sua capacidade de retenção de água, e o cuidado em não danificar as raízes das árvores.mais importante desta praga é a prevenção.
- Evite plantar em zonas susceptíveis à ocorrência de factores de stress como regiões com verões muito quentes, secos e prolongados.
Voo e postura
- Todo o ano
Dentro do tronco e sob a casca podem ser encontradas larvas e pupas durante todo o ano.


Cortes Fitossanitários
Para que servem?
- Reduzir a praga, eliminando as árvores atacadas que já se encontram secas ou que estejam a secar.
Que tipos de corte existem?
- Corte pé a pé -> quando a intensidade do ataque for Fraca ou Moderada.
- Corte raso por manchas ou em toda a área -> quando mais de 30% das árvores se encontra atacada.
Onde NÃO devem ser feitos?
- Povoamentos a menos de 2 anos do corte
Quando devem ser feitos?
- Inverno e início da Primavera, quando a maioria dos insectos se encontra dentro dos troncos na fase larvar ou de pupa.
Principais cuidados a ter
- Retirar e processar/destruir a madeira até meio de Maio.
Luta biológica
- Destruição dos ovos da Broca do eucalipto através do parasitóide Avetianella longoi;
- Predadores como os pica-paus (larvas), formigas (ovos) e os morcegos (insectos adultos).



Armadilhas
São constituídas por toros e rama de eucalipto recém cortados, assentes sobre um plástico com cola, onde os insectos ficam presos.
Para que servem?
Aumentar as populações do principal inimigo natural (Avetianella longoi)Monitorizar a praga Capturar adultos da Broca, reduzindo as populações da praga
Onde devem ser usadas?
Plantações com mais de 3 anos SEM ATAQUE Regiões/plantações com histórico de ataque
Onde NÃO devem ser usadas?
- Povoamentos atacados;
- Povoamentos a menos de 2 anos do corte;
- Povoamentos em que a envolvente está muito atacada;
Quando devem ser usadas?
Primeira instalação no início de JunhoInstalar mais 2 vezes se o nº de insectos for superior a 50
Principais cuidados a ter
- A madeira deve permanecer entre 1 a 2,5 meses no campo, permitindo deste modo o desenvolvimento do parasitóide A.
- Processar ou destruir a madeira até 3 meses após corte
- Retirar plásticos e tubos de cola da floresta