Rearborização
Rearborizar o Eucaliptal em 3 passos
1º Passo
Escolha e aquisição das plantas
- Encomende as plantas com uma antecedência superior a seis meses, de modo a assegurar o tempo necessário para a sua produção, e que as mesmas se encontrem disponíveis na altura mais indicada para plantar.
- Escolha a planta de acordo com os seguintes critérios:
- O tipo do solo (capacidade de retenção de água, profundidade e disponibilidade de nutrientes);
- As características do clima (mais chuvoso, ocorrência de geadas, Verões muito secos, etc.)
- As pragas e doenças mais frequentes na área de plantação.


Recomendação
Adquira as plantas em viveiros certificados e prefira plantas melhoradas – categorias Qualificada ou Testada:
- Maior adaptabilidade a diferentes condições de solo e clima.
- Maior volume em madeira.
Para a compra das plantas a um viveiro florestal é obrigatória a apresentação do documento de autorização emitido pelo ICNF.
Dica
- Pode encontrar plantas melhoradas nos Viveiros Aliança e nos Viveiros do Furadouro. Estas plantas apresentam um crescimento maior face à planta não melhorada e dão origem a povoamentos mais uniformes.
Planta Melhorada
Crescimento superior face à planta não melhorada
Planta não-melhorada
Critérios de qualidade das plantas
- O torrão da planta deverá ter boa consistência e não apresentar sinais de secura ou desagregação;
- As raízes deverão apresentar as pontas de cor branca, aspecto fresco e sem sinais de enrolamento;
- O diâmetro do colo da planta deverá ser maior ou iguala 2 milimetros;
- Idealmente as plantas deverão apresentar entre 20 a 40cm de altura e folhas sem manchas em pelo menos 2/3 da parte área;

2º Passo
Preparação do terreno
Preparar o terreno é fundamental para o desenvolvimento das raízes e crescimento das árvores. Esta operação tem como função melhorar as condições do solo para as plantas, controlar a vegetação infestante, incorporar sobrantes florestais e alinhar a plantação.
- As operações mais comuns são o destroçamento de cepos, a gradagem, a ripagem ou subsolagem e a construção ou beneficiação de terraços.
- Devem privilegiar-se as faixas de plantação seguindo as curvas de nível, evitando a mobilização total da área.
- É essencial não inverter os horizontes do solo, mantendo a matéria orgânica e os nutrientes na zona de desenvolvimento radicular.
- A profundidade da ripagem, 40 a 70 centímetros, e o número de dentes a utilizar, 1 a 3, dependem das características físicas e espessura do solo.
- Em caso de risco de encharcamento devem ser construídas valas de drenagem ou orientar as linhas de plantação com ligeira inclinação.

O que é gradagem?
Operação que corta e incorpora no solo a vegetação, os sobrantes florestais e os cepos destroçados do povoamento anterior.
O que é ripagem?
Operação que se destina a romper o solo na vertical, a uma profundidade de 40 a 70 cm, sem alterar a disposição dos horizontes do solo. Deve ser efectuada segundo as curvas de nível ou com ligeira inclinação em terrenos com risco de encharcamento.
Eliminação de cepos
- Os cepos do eucaliptal anterior devem ser eliminados para evitar a competição com as novas plantas e para que o novo povoamento seja homogéneo.
- A eliminação dos cepos pode ser mecanizada, por destroçamento com enxó ou arranque com tesoura.
- Os cepos também poderão ser desvitalizados quimicamente com aplicação de herbicida homolgado para a cultura do eucalipto, imediatamente após corte ou por aplicação foliar sobre a rebentação quando esta tenha cerca de 50cm de altura.
- Quando se proceda à construção ou à reconstrução de terraços, recomenda-se igualmente, sempre que possível, o destroçamento prévio dos cepos, pois esta operação melhora o rendimento e a qualidade do trabalho de (re)construção dos terraços.


O que são taludes?
Faixas de terreno não mobilizado que se mantêm entre as plataformas dos terraços.
Construção de Terraços
Em terrenos com inclinação superior a 25% a construção ou beneficiação de terraços pode ser uma opção preferível desde que prevista no projeto aprovado.
- Construa os terraços com plataformas de 3,5 a 4 metros de largura, sendo recomendável manter uma ligação entre eles.
- Recomenda-se uma inclinação lateral para o interior de cerca de 2% e uma inclinação longitudinal de cerca de 2%.
- Para a estabilidade dos terraços e proteção contra a erosão deverão existir taludes entre os mesmos.
- A plataforma do terraço deve ser ripada para descompactar o terreno, e as plantas devem ser colocadas no sulco exterior, onde existe maior volume de solo.
Práticas a evitar
- Por Lei não é permitida a mobilização do solo com recurso a balde de escavadora giratória ou de retroescavadora, nem mobilizações segundo o maior declive.
- Não deposite materiais (terra, biomassa) nas linhas de água.
- Não utilize o fogo para eliminar os sobrantes florestais.
- Evite operações que destruam as camadas do solo.
- Evite a preparação do terreno se o solo estiver encharcado.

3º Passo

Plantação do eucaliptal
A plantação é uma etapa da instalação do seu eucaliptal que abrange a recepção e armazenamento das plantas, a adubação de instalação, a plantação e a retancha.
Cada uma destas etapas deverá ser devidamente planificada, preparando os materiais e mão de obra necessária atempadamente.
Antes de plantar, tenha em atenção:
- No momento da receção das plantas em campo verifique que as mesmas se apresentam bem desenvolvidas, com aspeto saudável e em bom estado fitossanitário.
- Caso exista a necessidade de manter as plantas nas caixas do viveiro por vários dias, tenha preparado um local adequado, o qual deve ser fresco, arejado e, caso necessário, dispor de condições para regar as plantas.
- Durante o armazenamento das plantas mantenha o torrão das mesmas sempre húmido, e evite o armazenamento das plantas por períodos prolongados.
- Se as plantas ficarem armazenadas por mais de 5 dias as caixas devem estar afastadas cerca de 10cm entre si e sobrelevadas do solo para possibilitar o arejamento e evitar a proliferação de fungos e doenças.
Qual o número de árvores a plantar por hectare?
- Prefira compassos de plantação o mais quadriláteros possível (exemplo: 3,5 x 3 ou 3 x 3).
- Para otimizar a produção deve plantar entre 1000 (zonas mais secas) a 1500 árvores/hectare (zonas de maior precipitação).
- As distâncias de plantação dependem do número de árvores, mas genericamente:
- A distância entre linhas deve ficar entre 3,25 e 4 metros, sob pena de se inviabilizar operações mecanizadas de manutenção.
- A distância entre plantas deve ser de 1,8 metros a 2,5 metros, função da densidade pretendida.
- Nos terraços, devido à inclinação, a distância entre as linhas de plantação pode ser igual ou superior a 5 metros e entre plantas é, no mínimo, de 1,8 metros.


Ao plantar, os aspetos mais importantes a ter em conta são:
- O solo deve encontrar-se húmido, após um período de chuva, e o torrão das plantas deve estar bem molhado, inteiro e consolidado, evitando-se a utilização da planta no caso do torrão se desfazer.
- As plantas devem ser colocadas na vertical, no fundo do rego de plantação ou a meia altura do talude do rego em terrenos com risco de encharcamento.
- O torrão deve ficar totalmente coberto de terra, e o solo envolvente ser levemente acamado para evitar a formação de bolsas de ar.
- Aplique adubo na altura da plantação , contribuindo para o desenvolvimento inicial da planta. Consulte as Boas Práticas de adubação.
- Não coloque plantas nas entrelinhas junto aos caminhos e aceiros, por forma a não bloquear a futura circulação de tratores que poderão efetuar as operações de manutenção florestal.
As plantas devem ser colocadas no fundo do sulco de plantação.
Em zonas com risco de encharcamento, as plantas devem ser colocadas no terço superior do sulco de plantação.
Nos terraços, a plantação deve ser feita no sulco exterior da ripagem.
Retancha
Após a plantação faça o acompanhamento da sobrevivência e da vitalidade das plantas. Caso existam plantas mortas ou debilitadas e fectue a sua replantação:
- Nas plantações de Outono, em Fevereiro-Março seguinte.
- Nas plantações de Primavera, até 3 a 4 semanas a pós a plantação, com o terreno húmido
- Aplique novamente adubo ao retanchar.

Definição de retancha
Reposição de plantas que não sobreviveram ou que se encontram mal conformadas após a plantação inicial.

Práticas a evitar
- Evite utilizar locais para estaleiro das plantas pouco arejados, sem protecções contra a geada e sem água para regar.
- Evite a plantação em compassos muito apertados que possam inviabilizar a mecanização das operações e prejudicar o adequado desenvolvimento das árvores.
- Evite utilizar plantas danificadas e sem torrão consolidado.
- Evite plantar no Verão ou em períodos de seca prolongada, pois o solo não tem água suficiente que permita que as plantas vinguem.
Construção e manutenção de caminhos florestais
Aspectos a considerar no planeamento dos caminhos:
- Os caminhos devem ser planeados e construídos com a devida antecedência antes da sua utilização para permitir uma boa consolidação.
- Antes de iniciar a construção o caminho deve ser marcado no terreno, de acordo com o plano, e é necessário limpar toda a vegetação.
- Na construção de caminhos deve fazer-se o menor movimento de terra possível.
- Para evitar a acumulação da água nos caminhos, esta deve ser conduzida para a rede de drenagem natural, construindo da seguinte forma:
- Os caminhos devem apresentar inclinação lateral interna, lateral externa ou bilateral, de 2-4% a partir do centro da via;
- Em zonas declivosas, escorregadias e nas curvas, os caminhos devem apresentar uma inclinação para o lado interior, de forma a tornar mais segura a circulação dos veículos;
- Devem existir valas de drenagem ao longo da rede viária para recolher a água que escorre da superfície dos caminhos e encaminhá-la para os locais adequados de escoamento, evitando problemas de erosão;
- Se for inevitável atravessar as linhas de água, devem escolher-se os locais naturais de cruzamento e o mais próximo possível da perpendicular.

O Traçado

A largura dos caminhos deve permitir a circulação de qualquer veículo de transporte e combate a incêndios. No máximo, os caminhos podem ter 4 metros – não incluídas as valetas –podendo ser excedida em caso de curvas acentuadas.

Em curvas muito acentuadas, o caminho deve ter a largura suficiente para que um camião com reboque consiga circular. Entre duas curvas, deve existir uma recta com pelo menos 30 metros de comprimento. No caso de lombas ou depressões, deve ter-se em atenção o mesmo factor, de modo a que não sejam muito acentuadas.

Por questões de segurança, todos os caminhos devem ter saída, pontos de cruzamento para veículos (espaçados no máximo de 100 a 200 metros) e de realização de inversão de marcha. A inclinação longitudinal dos caminhos deve ser inferior a 12%.
Manutenção das vias
- A manutenção das vias evita a sua degradação e problemas de erosão, permitindo a circulação dos veículos em segurança. A manutenção depende:
- Do volume de tráfego e tipo de veículos que circulam nessas vias.
- Da qualidade dos materiais utilizados e da sua construção.
- Da eficiência e manutenção do sistema de drenagem.
- Da intensidade da chuva.
Recomendações
- As valas de drenagem devem ser mantidas limpas para que a água possa circular livremente.
- Todos os materiais e outros obstáculos que caiam nos caminhos devem ser retirados o mais cedo possível.
- Limpe a vegetação da berma dos caminhos para facilitar a circulação.


Práticas a evitar
- Evite construir caminhos sem saída, sem pontos de cruzamento de veículos e de inversão de marcha.
- Evite construir caminhos que atravessem linhas de água sem que seja absolutamente necessário e sem estarem asseguradas as condições de estabilidade do local de passagem.
- Evite construir caminhos em vales íngremes e estreitos, encostas escorregadias ou outras áreas instáveis e sensíveis.
- Evite alterar o curso natural das linhas de água.